sexta-feira, 4 de novembro de 2011

TOC, Tourette e nossas vidas...

"A convivência familiar de pessoas portadoras de Tourette e suas comorbidades, pode vir a ser bem complicada , principalmente com os mais íntimos e de maior convivência."
De todas as comorbidades da Tourette ,o transtorno obsessivo -compulsivo (TOC) envolve toda a família. Segundo Ana Beatriz Barbosa Silva , autora do livro Mentes e Manias, os familiares do TOC , geralmente passam a ter a vida limitada e transformada pelas manias do portador. E ainda acrescenta que esse sofrimento é vivido sem nenhuma informação especializada , o que aumenta a dimensão do problema.
È até normal, nós familiares de vítimas de problemas neuro psiquiátricos, tentarmos ajudar para aliviar os sintomas, evitando tudo que possa aumentar ou levar a uma crise, passamos muito tempo evitando palavras ou atitudes.
Mas e como a família reage?
Nem sempre ajudando, às vezes estamos cansados , irritados ou envolvidos em outros problemas e não conseguimos nesse momento auxiliar o afetado.
Segundo a Dra. Ana Beatriz , a instabilidade emocional da família aumenta o comportamento obsessivo -compulsivo.
Pelo que tenho estudado e lido sobre o assunto , são considerados leves por mim, os Tocs do meu filho, mas não menos prejudicial ou de pouco impacto na família, não é isso. O Toc dele estava relacionado a pescar, desde que abria os olhos a hora de deitar . Ele sofria com essa história . Foi uma época muito difícil para nós familiares e principalmente para ele.
Não sabíamos como agir. Primeiro impacto é realizar o ato de pescar para diminuir a ansiedade. Mas não diminui, o sentimento de realização é instantâneo , assim que acaba já está querendo outra pescaria.
E com o passar dos dias vamos ficando exaustos e tudo que menos queremos é que alguém fale a palavra peixe. Realmente isso desgasta, e quanto mais nos irritávamos ou tentávamos mudar o foco, mas o desejo aumentava. Realmente os nossos sentimentos ficam misturados: raiva, pena, impotência, medo.
Não foi por falta de procurarmos ajuda que demoramos a entender esse processo, é que não foi nos dito claramente : é TOC. Então o nível do desejo de pescar e comprar tênis foi aumentando e cada vez gerando um estresse maior. E quando negávamos , o que geralmente acontecia era o descontrole, e, o desespero tomava conta de todos.
Fico imaginando como meu filho sofria, com essa necessidade sem controle e sem entender porque sentia isso, ás vezes eu me perguntava se ele tinha noção do quanto fica ansioso, do quanto esses pensamentos atrapalhavam sua vida. Até que um dia eu tive a resposta , ele mesmo quem me fez entender seu sofrimento e sua noção do que acontecia.
Estávamos na sua médica e ele disse: prefiro todos os movimentos, mas não quero esses pensamentos. Neste momento compreendi que ele sofria e como sofria.
Mesmo lendo tudo que encontro sobre TOC, ainda não estou satisfeita, geralmente se fala do que mais acontece,: colecionar , não se desfazer de nada, lavar as mãos , limpeza , organização e nada disso se encaixa com meu filho. Que é um a obsessão é, isso está claro pra mim, mas não vi em nenhum livro falando sobre este TOC.
Como o medicamento é importante , já faz alguns meses que estes pensamentos não aparecem.
O que importa esclarecer aqui e que está bem ressaltado no livro Mentes e Manias , é que mesmo os mais diferentes rituais e obsessões não devem ser taxados como pensamentos loucos ou perigosos.( O que tendemos a fazer) e que não é uma opção, fazer ou não, ter ou não o TOC.
A doutora Ana Beatriz ainda nos deixa um sábio ditado americano: “Antes de julgar alguém , calce o sapato dessa pessoa, caminhe por uma milha, pare, reflita e depois faça seu julgamento”


Baseado no livro: Mentes e Manias  de Ana Beatriz Barbosa Silva

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