E as crises curtas de súbito comportamento explosivo?
Segundo foi relatado no livro Tiques ,Cacoetes, Síndrome de Tourette , pelos organizadores Eurípedes Miguel e Ana Hounie , cerca de 40% das crianças com Tourette podem apresentar os famosos " ataques de raiva ".
Relata ainda que uma criança mesmo habitualmente simpática e boa pode ter um comportamento explosivo que dura poucos minutos. Ainda de acordo com o livro , os ataques de raiva não apresentam intenção e nem raiva dirigida a um objetivo específico, é algo que acontece de forma súbita e dramática e vem junto com um imenso sentimento de perda de controle.
E foi conversando com algumas "mães da Tourette " ,através da famosa troca de experiências que passei a compreender mais destas 'explosões de ira".
E uma das dificuldades maiores nesses momentos , e não falo apenas por mim, falo por várias, é a relação entre as explosões e o limite . Como saber aplicar o limite sem ser injusta ou intolerante ?
Não tenho dúvidas quanto ao fato de que limite é necessário a vida, tenho plena consciência que eles devem ser aplicados, mas juntando Tourette, adolescência e as explosões, no dia a dia , fica dificil, aliás ,muito difícil.
Até porque essa dificuldade de ensinar limites , não é só nossa(mães da Tourette), eu por exemplo, tenho dois filhos em idade de aprender limites e não melhora o fato de um ter a síndrome e o outro não .
Mas a dificuldade é muito maior na Tourette, porque sabemos que as explosões são involuntárias, eu chego a compará-las como um movimento , começam com uma contrariedade , uma coisa simples e se transformam num turbilhão de emoções.
E esses ataques tem uma característica bem comum , que nós mães percebemos, é o fato de se arrepender , sentir uma tristeza por ter agido assim.
O que nos causa esta dificuldade e insegurança diante desta explosões é o fato de antes não sabermos que era um fator comum entre crianças e adolescentes com Tourette. Para mim foi muito importante este diálogo , esta descoberta . Hoje , tenho uma reação diferente a esses momentos , consigo compreender e agir sem medo.
E não tem fórmula mágica , descobrimos que é errando que aprendemos .
Hoje , lendo o livro Tiques, Cacoetes , Síndrome de Tourette , pude comparar a teoria , pesquisada , avaliada e estudada, com a nossa experiência . E isso , falando por mim agora, me tranquiliza. Não estávamos erradas ao não desistir , ao dizer: existe algo errado, em não aceitar e dizer: não consigo educar : eu falhei. Apenas nos dar forças e bases mais do que reais para entender e continuar, na verdade alivia o caminho , nos tira o peso do erro.
Algumas informações que retirei do livro :
- A crise agressiva não tem alvo definido.
- Pacientes com ataques de raiva sentem tensão ou excitação
- Logo após a crise sensação de alívio e intenso remorso
-São crises imprevisíveis
- Fatores agravantes: sono, fome, alguma atividade em particular
Importante: durante a crise , que já sabemos , dura alguns minutos, não devemos querer educá-las . Neste momento , os limites não serão aceitos, até porque nessa hora não conseguem entender o que lhes é dito. Deixamos o desabafo acontecer, ficamos por perto, e as coisas vão se acalmando por si só. Logo vem o arrependimento e só com bastante tempo do ocorrido, podemos abordá-los com uma boa conversa.
O livro esclarece , o que eu acho muito relevante , o fato de que torna-se desnecessário criticá-lo por seu descontrole , já que é involuntário (como um tique) e ele mesmo já se arrepende.
Só tenho uma receita a passar: Paciência, paciência e se faltar, mais paciência.
Aprender a ter paciência ... e se faltar aprenda novamente... Eles nem sabem o que de fato estão fazendo (involuntário)...
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