quarta-feira, 24 de agosto de 2011

A vida é feita de escolhas.


A vida é feita de escolhas


Não citei antes, mas, eu trabalhei em uma empresa por + ou - 9 anos.  Eu tinha um recém-nascido (lindo), um filho de cinco anos que eu amava, com movimentos pelo corpo todo, com um diagnóstico de Coréia e sem melhoras. Minha licença maternidade acabando, eu precisava voltar ao trabalho e tinha uma decisão a tomar e o meu instinto de mãe totalmente aflorado. Reconheço que quase pirei com a dúvida do que fazer.

Deram-me mais dois meses, e depois mais quatro sem remuneração, esse era o tempo em que a doença iria embora. Mas não foi, pior ainda, não tínhamos mais certeza do diagnóstico. “Não tive escolha”. Botei na balança e o resultado é que escolhi o amor. Fiquei sem o trabalho, sem meu dinheiro, mas pude fazer tudo por meu amor. Podem dizer que fui louca por ter deixado, acreditem deixar um trabalho e ficar só em casa não foi um conto de fadas e várias vezes refleti sobre isso.

Mas, o que eu descobri quando passei a ser ‘ do lar”, é que existe um terrível preconceito com mulheres que não trabalham fora, são amigas, pessoas conhecidas, pessoas que não conhecemos. Não que a opinião tenha me atingindo por si só, mas é que o momento foi de fragilidade pura. Nós , “do lar”, somos taxadas como não faz nada, tem tempo livre, um ser sem inteligência. E o impressionante é como tendemos a acreditar nisso.

Como é que no tempo de hoje, alguma mulher que estudou e se formou ,pode ficar em casa, dependendo do marido e cuidando dos filhos. Elas estão até na presidência, e eu ,no lar.

Fiquei impressionada com tudo que eu vi e ouvi, mas, nada que uma boa terapia não resolva.

Meu Trabalho é quase um trabalho voluntário, faço isso todos os dias do amanhecer ao anoitecer, acho que mesmo quando durmo ainda trabalho, às vezes me acordo no meio da noite, levanto, olho eles e volto para dormir feliz, sossegada. Às vezes acordo e rezo por eles.

Sim, é difícil nesse mundo do ter, a gente apenas dar e elaborar bem isso na mente: que se está dando, sem a certeza da troca.

Lembrei-me que com meu pessimismo,( que eu o chamo de proteção), eu escutei da minha psicóloga, logo quando eu entrei, que ela pensava positivo, acreditava sempre que daria certo. E confesso é um bom princípio. Mas é bem difícil.

Ser mãe, faxineira, arrumadeira, governanta, economista, mulher, psicóloga, esposa, preguiçosa, artesã, ter TPM, ser general, não é fácil.

Essa decisão no começo não é fácil, e a longo prazo também. Quase destruí a minha mente com a insegurança, achava que meu marido não valorizava o que eu fazia ,que eu estava menor por isso.Eu me cobrava e me ressentia.

Até eu descobrir que o preconceito que eu falei antes, eu também tinha, eu esperava agradecimento pelo “meu ato heróico”, esqueci que a decisão foi minha e que o lado difícil existe em todas as decisões, mesmo aquelas que foram pensadas e tomadas por amor.

Até descobrir que eu vivo em uma sociedade feminista crescente e que posso ser quem eu quiser, desde que não prejudique a ninguém e nem a mim, posso ser feminina sem ser burra, posso lavar pratos, ensinar, brincar sem parecer um ET.






9 comentários:

  1. Dani querida, Ser uma "mãe cuidadora" é isso.... É saber escolher o que é certo... É saber muitas vezes sacrificar nossos sonhos pelo sonhos e bem estar dos nossos filhotes.... Isso te engrandece ainda mais!!!!!

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  2. Sei bem do que você está falando.Quando minha primeira filha chegou, fiz a mesma escolha. Como eu poderia deixar aquele ser tão frágil nas mãos de uma desconhecida.Depois veio meu filho.Fiz a promessa de voltar a trabalhar ou estudar assim que meus rebentos fossem para a escola.Bom...Eu voltei a estudar, mas, nesse meio tempo veio os dois diagnósticos:O menino tourette a menina diabetes.
    ELE - tenho que chegar nos lugares e nas pessoas e preparar o ambiente para recebe-lo. Pois todo e qualquer comentário sobre seus tiques é motivo pra estragar tudo.Isso sem contar a discriminação...
    ELA - Tenho que carregar suas comidinhas, seus apetrechos de insulina, glicosímetro, contagem de carboidratos...
    Para piorar, entre o diagnostico de tourette e o da diabetes meu marido sofreu um infarto.
    Mas, apesar de tudo sou muito feliz e no final estamos todos bem...O pessoal da farmácia até já nos conhece...todo mês é insulina, agulha, fita, vários medicamentos para coração, hipertensão, neurolépticos...E assim vamos levando a vida!
    Um abraço!
    Luciana Fernandes.

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  3. Querida, também tomei a mesma decisão quando minha filha, na época com 5 anos, teve uma crise de artrite e fomos embora pra Sp em busca do diagnostico que não tivemos aqui. Passamos por uma verdadeira via crucis até descobrirmos que ela tem artrite auto imune. Hoje estou afastada do trabalho, sou servidora pública e senti exatamente tudo o que vc sentiu ao Fazer a sua escolhaa. Também tive outra filhinha, que vai fazer 1aninho próximo mês. É isso aí : ser mãe é padecer no paraíso ne? parabéns pelo blog!!!

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  4. Taysa, na verdade a gente escolheu com o coração , foi o nosso amor incondicional de mãe!!! Gostaría de te conhecer,Meu face: Daniela Torres. Um grande abraço!!!

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  5. Todas vcs escolheram a vida, ou seja o amor a dedicação e cumplicidade! A valorização de ser do lar é mais importante que qualquer profissão, somente a sociedade que não reconhece isto!
    Nada mais importante do que a vida do ser, e não ter! Deus recompensará em dobro, toda dedicação ao lar e a sua maravilhosa família. pensamos que nossos problemas são grandes e esquecemos da grandeza de Deus. Ele nos capacita, nos fortalece e superamos qualquer obstáculo para defendermos o que mais amamos na vida! Nossos filhos e família. Estamos juntas nesta jornada e deste propósito que Deus nos confiou! Abraços a todas.

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  6. Obrigada pelo carinho e pela força Márcia!!!!!

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  7. Daniela tudo que você passou é uma lição de vida e um exemplo para que nos que estamos passando pelo mesmo problema encontre um caminho, porque achamos que somos a única a passar por isso. Quero te dizer que a palavra MÃE para mim significa Meu Amor Eterno e por representarmos esse Amor é que nunca desestimo de um filho.
    Você se tornou minha amiga, mesmo distante, mesmo sem te ver pessoalmente...
    Quero que sinta o calor de um abraço >>> este é o meu para você. Bjs Elisa

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