segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Um novo ano se inicia e dia 31 de janeiro começa o ano escolar . Novas metas  terão de ser trilhadas , por isso quero partilhar nossa  experiência do ano que se findou, mas que nos serve de lição para a eternidade. Como os valores mudam, como os planos se alteram e estamos aprendendo sempre.

Relato de experiência


Recebemos no inicio de Abril de 2011, uma mãe e uma avó, angustiadas com o desenvolvimento escolar de seu filho. A mãe relatava que estava impossível estudar com ele, pois L ( como vou chamar o aluno), não aceitava mais nada que ela dissesse ou fizesse. Estava com muitas dificuldades na escola e ela não sabia mais o que fazer.

Durante a conversa, relatou com detalhes toda história de L.,como também o momento do diagnóstico de sua síndrome e todos os investimentos feitos para ajudá-lo. Não conhecia L., porém de imediato me apaixonei pelo caso. Em primeiro lugar, nós não tínhamos nenhum aluno com esta síndrome, e o novo nos encanta. Em segundo, a angústia daquela família precisando de apoio e por fim, a carga pesada que estava sendo imposta a L.

D. ( como vou chamar a mãe), só falava em conteúdo, em nota, em prova. L. no ano anterior tinha sido aluno destaque na escola e este ano, com a adolescência, seus sintomas se agravaram e sua nova medicação estava sendo ajustada. Diante desta situação tornava-se necessário realizar algumas adaptações currículares, principalmente motoras e atitudinais para que ele continuasse crescendo na escola.

Perguntei a D. o que seria mais importante para ela naquele momento, as notas ou a felicidade de L. Foi quando vi um brilho no rosto da avó que se manifestou pela primeira vez concordando e dizendo que vinha falando sempre isso para a filha. Percebi que estava no caminho certo. Combinamos para L. começar no outro dia.

Chamei a coordenadora, discutimos o caso, passei a noite na internet lendo um pouco sobre Tourette. Antes de L. chegar todos os professores que iriam trabalhar com ele já tinham algumas informações sobre suas dificuldades e orientações para começar o trabalho. O que pedi a todos foi “ trabalhem a auto estima deste aluno, resgatem o aluno aprendente que existe dentro dele, precisamos que L. volte a confiar nele e acredite que pode. Pedi também que tomassem cuidado para não exigir mais do que ele podia dar. Nossa maior preocupação não era a síndrome ou suas dificuldades, mas sim suas possibilidades, pois trabalhamos por uma escola para todos e acreditamos que só existe educação quando se respeita a diversidade humana.

Sua mãe sempre muito presente passava-nos todas as informações da aula que ele às vezes não trazia. Ela tirava cópia do caderno dos amigos, das atividades de sala copiadas no quadro que ele não conseguia acompanhar. Era o elo entre a escola e o PAIE quando L. não conseguia ser.

Fizemos também uma visita a escola onde combinamos com a psicóloga vários procedimentos adaptativos que facilitariam o processo para L. Todos da escola também se mobilizaram para encontrar maneiras diferentes de avaliar e ensinar, garantindo assim o processo de aprendizagem e minimizando os estresses dos processos avaliativos.

Aproveitamos também a oportunidade para fazer um trabalho com os alunos que freqüentam o PAIE apenas para apoio escolar. Eles precisavam entender melhor o que se passava com L. para aceitar e ajudar no que fosse preciso. Fizemos uma tarde de pipoca e cinema com o filme “ O primeiro da classe” que mostra as dificuldades e conquistas de uma pessoa com Síndrome de Tourette.

L . frequenta o PAIE diariamente por 2h. Muitas vezes se estende e nunca apresenta resistência para fazer o que lhe é proposto, o que encantou a todos. Seu jeito meigo, sua garra e sua vontade de vencer foi um exemplo para alunos e professores.

Assumimos a missão de ajudar na parte pedagógica do processo de L. e pedimos a D. que ficasse com a parte de mãe. Ela aceitou a parceria e hoje para nós é um exemplo de mãe dedicada e comprometida com a felicidade do filho.

Podemos dizer que L. é um grande sucesso graças a sua família, ao suporte médico que recebe, a sua escola e também ao nosso trabalho de apoio escolar, parcerias que se ajudam em busca de um único fim que é o nosso lema: ‘‘ A felicidade do ser humano é o nosso maior desafio”.


Maria Emilia Soutinho de Paiva
Diretora pedagógica do PAIE

P.S.
Esta mãe sou eu, este foi nosso desafio e o PAIE foi fundamental !!!!!!!!!!!!!!!


Obrigada a todos que fazem o PAIE, e a você Emília pos ser um anjo em nossas vidas.

2 comentários:

  1. Nossa Dani, arrepiou!
    É assim que tem que ser sempre!
    Torço sempre por vcs!!!
    Beijos no coração!!!
    e feliz 2012!!!

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  2. Dificil não deixar a emoção, invadir todo meu ser, não por ser tia de Dani, não por amar seu filho profundamente, mais por saber que existem Danis, emilias, professoes, Tanias, enfim, por que tudo isso, me faz ter certeza de que a esperança de um mundo melhor, não pode ser sabotada por noticias ruins e pessoas amargas.

    Bita

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