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Atenção à Saúde Mental de Crianças Precisa Ser Melhorada, Segundo Especialista
São Paulo - O atendimento em saúde mental em todo o mundo está aquém do desejável. E, mesmo em países com muitos recursos, como os Estados Unidos, ainda há várias barreiras – como o estigma social dos transtornos mentais e a falta de informação sobre a existência de tratamento – para possibilitar o acesso, principalmente de crianças, aos serviços de apoio psicológico.
A avaliação foi feita por Cristiane Seixas Duarte, professora do Departamento de Psiquiatria Infanto-Juvenil da Columbia University, nos Estados Unidos, durante conferência proferida na São Paulo School of Advanced Science for Prevention of Mental Disorders (Y Mind) sobre o contexto e o desenvolvimento da psicopatologia (estudo dos estados psíquicos relacionados ao sofrimento mental) de crianças.
Promovida pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a Universidade de Columbia, dos Estados Unidos, e o King’s College, da Inglaterra, o evento, realizado no âmbito do Programa Escola São Paulo de Ciência Avançada (ESPCA), da Fapesp, ocorreu entre 25 e 29 de março no campus da Unifesp, em São Paulo.
Radicada nos Estados Unidos há 13 anos, Duarte, que fez mestrado e doutorado com Bolsa da Fapesp, participa de um estudo iniciado logo após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, com o objetivo de avaliar os impactos psicológicos de um evento traumático dessa magnitude em crianças.
A pesquisadora destaca, em entrevista à Agência Fapesp, a necessidade de centrar o foco em ações de prevenção e atendimento à saúde mental de crianças e jovens. Mais de 75% dos transtornos mentais surgem na infância e na adolescência e, quanto mais cedo diagnosticado o risco ou o surgimento de um problema de saúde mental, maiores as chances de evitar sua progressão.
– Os países em desenvolvimento apresentam maior prevalência de transtornos mentais?
Cristiane Seixas Duarte – O que verificamos – e isso ainda não está claro, porque não há estudo que tenha usado uma mesma metodologia para fazer essa comparação e os dados sobre número de pessoas com transtornos mentais em países como o Brasil são recentes – é que os países em desenvolvimento tendem a ter uma taxa maior de distúrbios mentais do que as nações desenvolvidas.
Uma das hipóteses para explicar isso, que ainda não foi testada, é que os países em desenvolvimento apresentam maior prevalência de fatores de risco para o surgimento de transtornos mentais, como a violência. O atendimento à saúde mental, no entanto, está aquém do que seria desejável tanto nos países em desenvolvimento como nos desenvolvidos.
Fonte: Revista Exame
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