“Tenho uma esperança nova, agora eu posso SEGUIR ”.
Esta frase estava na tarefa do meu filho mais novo , era para completar com um verbo e para minha grande surpresa e emoção, este foi o verbo escolhido.
E logo em seguida, recebo um e-mail maravilhoso de uma mãe-amiga da Tourette: Flávia Soares . Não foi apenas um e-mail, foi um presente para o blog:
Por Flávia Soares
A DESPEDIDA DA DOR
Há cinco meses conheci o blog, há cinco meses conheci a ST, mas a história começa muito antes, ha exatos 10 anos quando conheci a palavra ‘POSITIVO’ isso mudou minha vida, aquele papel contendo essa simples palavra que significava que dentro de mim já existia uma vida, um ser que seria dependente de mim, e que por uma espécie de mágica eu já amava tanto que é impossível descrever. Junto com toda emoção, mesmo antes dos enjôos, da barriga, das estrias e das noites mal dormidas já vieram os planos, os sonhos, enfim, planejamos quase uma vida inteira pra aquela pessoinha, nos preocupamos com a roupa, com o berço, a casa, a poeira, a alergia, o médico, tudo possível... E ai após alguns meses a mágica acontece, e quando pensávamos que não poderia existir mais sentimento, descobrimos que é sim possível... Então , se amamos tanto, se cuidamos tanto, onde erramos?
Tudo parecia tão bem, tão perfeito quando os primeiros sinais dela surgiram: olhos que não param, nariz retorcendo, ombros que se mexem sem controle, pulsos que se batem, pescoço que se estira e boca que cospe sem parar... etc. E ai o diagnóstico que ninguém quer ; É SINDROME DE TOURETTE MÃE, E NÃO TEM CURA seja qual for o diagnóstico, diabetes, ST, Asperguer, TDHA, TOC...Junto vem a dor, a raiva, o desespero, ...a culpa. E ainda a necessidade de guardar tudo em algum lugar por que não podemos expressar, não há tempo. Precisamos primeiro cuidar, buscar solução, por que não acreditamos que seja com nosso filho, por que, sempre pensamos que o médico pode estar errado, e o outro também, e essa agonia, ansiedade, choro reprimido, e outros sentimentos que ainda não foram nomeados tomam conta da nossa vida, e derrepente, nossa rotina fica presa a doença, e com o passar, nos acostumamos com essa dor, essa culpa retida e apenas passamos os dias.
É preciso chorar, mas chorar muito, chorar alto, socar a parede, talvez até quebrar alguns pratos. Brigar com algum ignorante na rua, passar noites em claro, ir a um, dois... Três médicos, ficar na cama de pijama o dia inteiro... porém tudo tem seu tempo de chegada e de partida. É preciso permitir que o momento da paz chegue. É preciso permitir a cura, por que aquele sonho que sonhamos desde o inicio não temos controle, não depende de nós e não fizemos nada errado, é que nem tudo depende da gente. Existem coisas inexplicáveis, mas que em algum momento das nossas vidas vai fazer sentido, mas para que isso aconteça é preciso se despedir da dor, e entender que ainda podemos sonhar e esses sonhos vão se realizar, não do jeito que sonhamos... Eles serão muito melhores por que foram planejados pelo Pai.
Flávia, uma mãe ST que esta se despedindo da dor
Flávia , quanto orgulho eu sinto de você, por conseguir entender seus sentimentos , por conseguir compartilhar dessa maneira , tão linda e verdadeira… DT
Esse texto me tocou profundamente, do inicio ao fim. SEGUIR, palavra forte e determinante,quanta ousadia, dor e medo sentimos,antes de descobrir que o caminho é aceitar, amar, acreditar e tudo isso é SEGUIR. Percebemos no email, que foi assim, e sabemos que È ASSIM, em tudo.
ResponderExcluirTeomirtes Leitão
A Flávia fala coisas com a sabedoria do coração. Como foi bom ela ter lembrado que os sonhos planejados pelo Pai certamente serão melhores do que os que nós mesmos sonhamos. Lição de fé e esperança de dias melhores. Parabéns amiga.
ResponderExcluirElenise